[Ravitch, D. (2010). The Death and Life of the Great American School System. How Testing and Choice Are Undermining Education. New York: Basic Books, 215 p.]
Diane Ravitch é uma conhecida historiadora da educação norte-americana, professora e investigadora na New York University. Na sua vasta produção historiográfica, a publicação do livro Left Back. A Century of Battles Over School Reform (Touchstone Book, 2000) foi usada para legitimar a crítica às mudanças e às políticas adoptadas no pós segunda guerra mundial, que procuraram, em geral, construir uma escola mais compreensiva e inclusiva, com um currículo amplo, sem hierarquias de disciplinas e voltado para a formação cidadã, assente numa pedagogia atenta à diversidade dos jovens e das comunidades. O livro foi adoptado pelos neoconservadores americanos para apontar o falhanço das anteriores políticas liberais, ou de esquerda, e replicado pelos conservadores de outros continentes no seu combate contra as pedagogias e as práticas políticas defensoras de uma escola democrática, inclusiva e emancipatória. Em Portugal, Nuno Crato, o mais lídimo representante do pensamento conservador doméstico, no seu manifesto contra o que designa de “pedagogia romântica e construtivista”, O Eduquês em discurso directo (Gradiva, 2006), na lista de livros recomendados inclui este livro de Diane Ravitch, com a seguinte anotação: “É uma extraordinária história dos debates sobre educação nos Estados Unidos durante o século XX. Lendo-a, percebe-se muito sobre os nossos próprios debates e fica-se a conhecer a raiz de muitas posições extremistas. Fica-se também a saber que as ideias da ‘escola nova’ são velhas de mais de um século” (p. 126).
Diane Ravitch é uma conhecida historiadora da educação norte-americana, professora e investigadora na New York University. Na sua vasta produção historiográfica, a publicação do livro Left Back. A Century of Battles Over School Reform (Touchstone Book, 2000) foi usada para legitimar a crítica às mudanças e às políticas adoptadas no pós segunda guerra mundial, que procuraram, em geral, construir uma escola mais compreensiva e inclusiva, com um currículo amplo, sem hierarquias de disciplinas e voltado para a formação cidadã, assente numa pedagogia atenta à diversidade dos jovens e das comunidades. O livro foi adoptado pelos neoconservadores americanos para apontar o falhanço das anteriores políticas liberais, ou de esquerda, e replicado pelos conservadores de outros continentes no seu combate contra as pedagogias e as práticas políticas defensoras de uma escola democrática, inclusiva e emancipatória. Em Portugal, Nuno Crato, o mais lídimo representante do pensamento conservador doméstico, no seu manifesto contra o que designa de “pedagogia romântica e construtivista”, O Eduquês em discurso directo (Gradiva, 2006), na lista de livros recomendados inclui este livro de Diane Ravitch, com a seguinte anotação: “É uma extraordinária história dos debates sobre educação nos Estados Unidos durante o século XX. Lendo-a, percebe-se muito sobre os nossos próprios debates e fica-se a conhecer a raiz de muitas posições extremistas. Fica-se também a saber que as ideias da ‘escola nova’ são velhas de mais de um século” (p. 126).
A publicação de Left Back (e algumas outras posições públicas) mereceu a Diane Ravitch o convite para integrar a Administração de George W. Bush como Assistant Secretary of Education. Nesse cargo, participou ativamente na implementação da agenda neoconservadora americana, que teve em No Child Left Behind o seu documento guia. O livro publicado em 2010, The Death and Life of the Great American School System, é uma reflexão sobre esse percurso, sobre as consequências de uma política que conduziu o sistema educativo público americano à beira do desastre e da destruição.
Neste livro, Diane Ravitch passa em revista todos os principais pontos da agenda conservadora: (i) como é que o movimento dos standards se tornou um movimento dos testes e exames; (ii) a questão da livre escolha da escola (school choice) e as charters schools; (iii) as políticas curriculares do back to basics, e as consequências do senso comum ideológico e conservador de que a matemática e a língua materna são as disciplinas rainhas do currículo. A sua análise, feita com base num conhecimento vivido e com o recurso a uma impressionante base de dados empíricos, deve ser leitura obrigatória para aqueles que, em diferentes países europeus, umas décadas depois, tentam implementar a agenda conservadora americana, que, em aliança com o pensamento neoliberal, estão a tudo fazer para destruir a escola pública, enquanto espaço de cidadania democrática e de combate às desigualdades sociais e culturais.
No livro The Death and Life of the Great American School System, Ravitch descreve as evidências que mudaram os seus pontos de vista e explica porque essas políticas estão erradas e estão a corromper os valores da educação americana. E apela, nestes tempos em que o dinheiro (e o poder) são a medida de todas as coisas1, a todos os que desejam implementar nas escolas o que designa por essentials of education:
We must make sure that our schools have a strong curriculum, coherent, explicit curriculum that is grouded in the liberal arts and sciences, with plenty of opportunity for children to engage in activities and projects that make learning leively. We must ensure that students gain the knowledge they need to understand political debates, scientific phenomena, and the world theu live in. We must be sure they are prepared for the responsabilities of democratic citizenship in a complex society. We must take care that our teachers are well educated, not just well trained. We must be sure that schools have the authority to maintain both standards of learning and standards of behavior.
Agora é a nossa vez de recomendar a Nuno Crato a leitura de Diane Ravitch. Quem sabe se, num rasgo de modéstia, aprende com os erros dos outros e nos evita um caminho velho de mais de trinta anos, onde a aliança entre o pensamento conservador e o pensamento neoliberal impuseram sentidos e significados a uma escola que pretendem que seja apenas e unicamente uma instância de reprodução das desigualdades que as suas políticas económicas e financeiras geraram em todo o mundo e no interior de todas as sociedades.
António Teodoro
1“Estudar vale a pena para poder ganhar mais dinheiro”, afirmou a 30 de Agosto de 2011 o ministro da Educação Nuno Crato, dirigindo-se aos jovens na Universidade de Verão do PSD.