Os indicadores disponíveis mostram que não foi a pandemia que provocou os problemas de acesso à educação universal neste período, porque o principal factor são as desigualdades de uso desse bem social e essas já lá estavam. A pandemia apenas as tornou mais visíveis, amplificando-as. Rui Machado Gomes, aborda esta questão no vídeo que pode ver aqui
Impacto do Covid-19 no sistema de ensino português
O OP. Edu está a acompanhar o impacto do Covid-19 no sistema de ensino português.
Pedimos que dispense 8 minutos do seu tempo a responder a este questionário.
Agradecemos a sua colaboração. Se tiver dúvidas não hesite em nos contactar pelo email j@jmp.pm
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- 4 de maio de 2020. Foi publicado um relatório, com os resultados preliminares e parciais do inquérito que começou a ser aplicado no dia em que as escolas teriam retomado a sua atividade após as férias da Páscoa, que pode ser consultado aqui
- 28 de abril de 2020. Foram publicados novos resultados parciais do inquérito, relativos aos perfis de assistência às aulas de estudantes do ensino superior, que podem ser consultados aqui
- 15 de abril de 2020. Foram publicados novos resultados parciais do inquérito, relativos às perceções e opiniões de estudantes do ensino superior sobre os efeitos da pandemia no sistema de ensino, que podem ser consultados aqui
- 12 de abril de 2020. Foram publicados novos resultados parciais do inquérito, relativos às perceções e opiniões de estudantes do ensino secundário sobre os efeitos da pandemia no sistema de ensino, que podem ser consultados aqui
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8 de abril de 2020. Foram publicados novos resultados parciais do inquérito, relativos às perceções e opiniões de estudantes sobre os efeitos da pandemia no sistema de ensino, que podem ser consultados aqui
OP.EDU desenvolve projeto Erasmus+ (KA201) Strategic Partnerships for School Education
Family-based Open Science Schooling
O projeto Erasmus+ (KA201) Strategic Partnerships for School Education Family-based Open Science Schooling é um projeto desenvolvido pelo Op.Edu (CeiED) e coordenado pela Professora Ana Benavente. O projeto, que decorrerá no período 2019/2021, tem como principais objetivos incentivar as famílias à participação na vida escolar e nas suas atividades, cocriar atividades de ‘ciência para todos’ nas quais professores, alunos e famílias interagem de modo a apoiar uma educação científica responsável e, ainda, apoiar a implementação de Joint Science Missions envolvendo a comunidade. Mais informação sobre o projeto pode ser consultada aqui
#AprenderNaRede
OP.Edu no Instagram para acompanhar os impactos do Coronavírus no sistema de ensino
Novas oportunidades para o sistema de ensino: que fazer?
Rui Machado Gomes, Ana Benavente e Paulo Peixoto
Alguns dirão que este programa de acção é muito ambicioso e que se parece mais com um programa para 30 anos do que para uma intervenção de médio prazo. A esses dizemos: olhem a realidade e leiam uma segunda vez. O tempo da indolência para resolver problemas básicos de democracia e direitos terminou. Que venham debater os que souberem e quiserem responder à pergunta: que fazer? Pode continuar a ler o artigo aqui
Os Problemas na Educação
Rui Machado Gomes, Ana Benavente e Paulo Peixoto
As crises tornam mais evidentes os limites e as desigualdades dos sistemas sociais. São analisadores que permitem diagnósticos crus. As dificuldades e as fracturas expostas do sistema educativo português desde o início da crise da covid-19, do pré-escolar ao superior, foi a demonstração límpida de quatro contradições que vêm do passado e sempre estiveram presentes.
A primeira diz respeito a uma escola que amplifica as desigualdades que nos diminuem. A alternativa do ensino diferenciado em função do ponto de partida de cada um tornou-se uma necessidade absoluta revelada pela crise.
A segunda tem aparência tecnológica, mas é sobretudo económica e social. O ensino à distância, o desigual acesso a computadores e à internet, a literacia digital, que não fora democratizada no passado, a diferente possibilidade de obter ajuda dos pais para a realização de tarefas escolares transformaram-se, num curto período, em barreiras intransponíveis para o acesso à educação.
A terceira vem do modelo pedagógico obsoleto que domina a escola desde o século XIX. Um sintoma do desagrado de há muito com o ensino colectivo, em que se ensinam muitos alunos como se de um só se tratasse, foi-nos dado pelas respostas ao questionário do OP.Edu: 65% dos estudantes do ensino superior consideram que os professores não estão preparados para o ensino não presencial. Sinal de que os efeitos negativos deste modelo novecentista de escola graduada se tornaram mais evidentes na sua transposição automática para o ensino não presencial. A ficção continua a ser a mesma de sempre: ver em todos os alunos de um grau/classe um só indivíduo médio capaz de aprender com base na informação do professor. Se é assim no ensino superior, a que acedem os mais favorecidos, é mais grave ainda nos outros níveis de ensino, social e economicamente mais heterogéneos.
A quarta foi exposta pelo logro da meritocracia baseada no exame. A ficção de um aluno médio que representa a totalidade só subsiste através do exame que cria uma tecnologia complementar: supõe-se que os alunos que transitam são os que estão em condições de receber um ensino colectivo no grau seguinte. Mas o exame também foi instituído como forma de certificar o valor de cada um e de inserir esse valor na lógica performativa do mercado de trabalho capitalista. O poder de tenaz que vem de fora e de dentro do sistema educativo fez do exame o fetiche dos que sempre esconderam as desigualdades por trás do biombo supostamente neutral e objectivo dos resultados dos exames. O vírus desfez no ar a evidência de séculos, demonstrando que o mérito medido pelos exames está também dependente dos recursos económicos das famílias, do capital cultural que transmitem desde cedo aos filhos e dos bens culturais que têm à disposição. O esforço feito em todos os graus de ensino para realizar os exames, como se fosse possível nada mudar no que é essencial, conta-nos mais sobre a força deste arcaísmo do que qualquer estudo sobre o fraco uso dos modelos alternativos de avaliação formativa, centrados numa forte ligação à aprendizagem e sensíveis a pontos de partida e de evolução desigual dos alunos.
Publicado no jornal Expresso, 25 de Abril de 2020
UC | CES | OP.Edu; ULHT | CeiED | OP.Edu; UC | CES | OP.Edu
Incertezas: o canário na mina
Rui Machado Gomes
No final desta crise, para além das estatísticas de infetados e óbitos, das curvas exponenciais e sigmoides, haverá uma curva para a desigualdade que não pode ficar de novo no pé de página das catástrofes: os mais pobres morreram mais, os grupos étnicos minoritários foram mais atingidos pela letalidade, os mais vulneráveis perderam mais rapidamente o emprego e o mínimo necessário à sua sobrevivência
O mundo está hoje unido pelo espectro da incerteza. Sentimento que está habitualmente associado à impotência perante forças maiores que nós e que não controlamos, envia-nos também sinais de transformações históricas decisivas com origem no reconhecimento de vulnerabilidades incapacitantes dos sistemas sociais. A incerteza funciona muitas vezes como o canário na mina.
Desde logo a incerteza quanto ao prosseguimento da vida. A humanidade viveu nos últimos dois meses a situação de maior risco global percebido das várias gerações vivas. Uma parte desse risco, que se transformou rapidamente em medo, teve a sua fonte na ansiedade informativa e nas suas contradições.
Incerteza generalizada: do leigo ao epidemiologista, do cidadão comum ao líder político, do administrador público de saúde ao virologista, todos vieram num ou noutro momento confessar o reduzido conhecimento do vírus e a incapacidade de controlar a curto prazo os seus efeitos com medicamentos ou de prevenir a infecção através da vacinação.
Na incerteza total sobraram os números totalitários que ocuparam os dias do confinamento. Cálculos e modelos epidemiológicos foram servindo de apaziguadores da angústia. Mas nem os números trouxeram o consenso entre especialistas.
Incertezas na economia. A economia parou numa parte importante das fileiras produtivas, quer do lado da oferta quer do lado da procura. As únicas fileiras que se mantiveram intactas e até se ampliaram foram a economia das coisas e das pessoas no sector da saúde, a economia do abastecimento e distribuição alimentar e a logística que garantiu com alguns sobressaltos a continuidade das cadeias de distribuição.
A situação provocou imediatamente milhões de desempregados em todo o mundo, os grupos sociais mais vulneráveis afundaram-se na pobreza em poucas semanas, empresas nacionais e multinacionais recorreram ao estado através de mecanismos vários, incluindo o discutível lay-off que está a colocar uma pressão enorme nos sistemas de segurança social.
Se pensarmos nas consequências económicas e sociais da crise pandémica o panorama de incerteza é ainda pior do que o da saúde. Entre os que confessam saber que nada sabem, até aos que se deitam a adivinhar o futuro sem ter uma única resposta para o presente, tivemos de tudo. Mas uma coisa pareceu evidente para a opinião pública: quem perdeu mais no imediato foram aqueles que já eram mais vulneráveis: os que tinham salários mais baixos, com menos qualificações e com mais filhos.
Incertezas no funcionamento das instituições. A nível global as instituições formais como a ONU ou a OMS não se mostraram suficientemente capazes de constituir uma voz consensual a nível mundial. Torpedeada diariamente por vozes nacionalistas, empenhadas em guerras comerciais e de projecção do poder imperial, a OMS viu a sua voz diminuída, deixando a gestão da crise global aos governos e administrações de saúde nacionais.
Na UE a incapacidade de prover segurança continental manteve-se no mesmo estado comatoso que já se conhecia de crises anteriores. No momento atual ganham os egoísmos nacionais e o salve-se quem puder. A assimetria de poder no contexto europeu é evidente: os mais ricos, os que ganharam com a crise das dívidas soberanas, embora em minoria, estão a conseguir impor um caminho que anuncia futuros ciclos austeritários.
Mas a vulnerabilidade das instituições nacionais também se revelou. Desde logo foi abalado o pilar democrático. Os autoritarismos instalados na Europa central aprofundaram-se na Polónia e Hungria. Na maior parte dos países foi declarado o estado de exceção, que suspendeu uma parte importante das liberdades e garantias. A vigilância digital estatal cavalgou à velocidade da geolocalização consumista, que já socializara as populações na comodidade das soluções para a vida quotidiana, ainda que à custa da privacidade e da liberdade. O lado mais fraco das relações laborais viu limitado em muitos casos quer o seu poder de participação e negociação quer o de recurso à greve.
Porém, desta vez o sentimento de vulnerabilidade amplificado pela incerteza arrastou consigo uma perceção generalizada, embora ainda silenciosa, das desigualdades que lhe subjazem.
Desigualdades de condições de vida e de proteção da vida. As vozes que reconheceram em público que o principal determinante do nível de proteção da saúde é a condição económica e social assimétrica dos países e das pessoas, foram muitas e vieram de todos os quadrantes: os indicadores de saúde da OMS registam diferenças abissais entre países (Portugal tem 42 camas UCI/1Milhão hab., enquanto a Alemanha tem 292) (); a nível nacional o OP-Edu verificou que mais de 1/3 dos alunos do ensino obrigatório ficou afastado do ensino não presencial por ausência de alternativa à infoexclusão; o Colabor relatou que os que mais perderam emprego e rendimento foram os que já se encontravam numa situação material mais difícil.
No final desta crise, para além das estatísticas de infetados e óbitos, das curvas exponenciais e sigmoides, haverá uma curva para a desigualdade que não pode ficar de novo no pé de página das catástrofes: os mais pobres morreram mais, os grupos étnicos minoritários foram mais atingidos pela letalidade, os mais vulneráveis perderam mais rapidamente o emprego e o mínimo necessário à sua sobrevivência, os que já tinham condições de habitação precárias viram a sua situação piorar, os que já lutavam para sobrevirem no sistema de ensino obrigatório perderam de um dia para o outro o contacto com a vida escolar por mais de 6 meses.
O que é novo desta vez é que à incerteza da economia se juntou uma repentina e inesperada consciência do modo assimétrico como ela se repercutiu entre os diferentes grupos sociais: 67% dos que reponderam ao questionário do OP-Edu consideraram que a pandemia prejudicou a igualdade de oportunidades e sobretudo a aprendizagem dos alunos com menos recursos económicos.
Os de cima parece que já não conseguem esconder as vulnerabilidades do capitalismo. E os de baixo estão a tomar consciência das desigualdades estruturais que ele provoca. Estas situações são típicas de sociedades em que o dínamo do tempo histórico pode acelerar e provocar mudanças. Quais serão os atores desse tempo é o que veremos nos próximos meses e anos. E aí também reina a incerteza.
Publicado no jornal Expresso, 13 de Maio de 2020
Economia política para pessoas comuns: perguntas e respostas da educação à economia
Rui Machado Gomes | UC | Centro de Estudos Sociais
Da Escola virtual à virtualidade da Escola
Rogério Manita e Sousa1
Ana Benavente
Socióloga; ex-secretária de Estado da Educação
O QUE FICA DO QUE PASSA
As tecnologias que agora foram o recurso terão que ser integradas como complemento – e apenas como complemento - numa Instituição social aberta e capaz de responder aos desafios do presente e do futuro. Os professores mostraram que são capazes.
24 de Abril de 2020
Obrigada Eduardo Prado Coelho pelo título que me emprestas. Como eu gostaria que aqui estivesses para ler as tuas crónicas sobre as sociedades pandémicas.
Há muitos anos que diversos autores, no mundo académico, social e político, analisam a globalização e a criação de sociedades de risco, marcando futuros incertos. Poderiam, todos os que têm ignorado o papel da escola na reprodução das desigualdades sociais e se têm oposto à sua transformação pedagógica, ter sido alertados para estes novos tempos. Teriam, talvez, percebido que a escola pública, a escola que faz parte do Estado Social, não pode ser uma máquina de produzir diplomas, mas tem um papel decisivo na formação de jovens responsáveis, autónomos e com espírito crítico, cidadãos intervenientes capazes de viver num mundo que não se antecipa.
Em situação de urgência, ocupadas que andam as políticas com a gestão imediata e sempre a correr atrás dos acontecimentos, vimos, nas últimas semanas – os dados do Inquérito OP.Edu e das diversas análises que têm sido divulgadas, assim o confirmam – professores capazes de responderem, com poucos meios, ao ensino online. A multiplicidade de plataformas e de ferramentas usadas revela o fraquíssimo equipamento das escolas em novas tecnologias, presa que ficou a Gutenberg, ignorando as políticas das novas linguagens digitais que entraram na vida das sociedades e das pessoas e os mais novos não podem ser privados de as tornarem num precioso apoio à informação e à aprendizagem.
Passadas as primeiras semanas até às férias da Páscoa, eis que se inicia o último período num modelo análogo, acrescentando-lhe a televisão, intitulada “estudo em casa” e acordos com o YouTube. Parece que as desigualdades entre alunos das escolas públicas se resumem aos suportes materiais. E a ligação à internet? E os espaços de trabalho? E o apoio dos pais (das mães, em particular, como mostram os dados do estudo do OP.EDU já mencionado) e os jovens que ficam sozinhos em casa? E os que não acompanham as aulas expositivas num código escolar (erudito) que ignora as desigualdades culturais e sociais?
Este período tem uma imitação de escola pública que mantém todas fórmulas que reproduzem as desigualdades, acrescentando-lhes mais algumas.
O que de melhor se pode retirar desta crise é a certeza de que não podem continuar políticas pobres a manter a escola pública à tona de água (e com amianto), a desconfiar dos professores, a poupar nas equipas de profissionais que devem fazer parte da sua vida, a multiplicar inúteis burocracias, a fazer da aula expositiva o centro da sua acção, a espartilhar os saberes em disciplinas, a reproduzir as desigualdades, a manter o insucesso e o abandono escolares como fatalidades, a fazer dos mega agrupamentos a poupança cega de meios materiais, sem cuidar das dinâmicas duma organização em que vivem pessoas. A Instituição escolar exige mudanças e muita clarividência.
As tecnologias que agora foram o recurso terão que ser integradas como complemento – e apenas como complemento - numa Instituição social aberta e capaz de responder aos desafios do presente e do futuro. Os professores mostraram que são capazes. E a opinião pública e publicada? E os responsáveis políticos do Ministério? Brincar às escolas só vale nos tempos livres.
Texto escrito no âmbito de parceria entre o jornal Público e a Associação Portuguesa de Sociologia.
Novo artigo de Mariano Enguita
Una pandemia imprevisible ha traído la brecha previsible
Desde los inicios de la expansión de la microinformática y la internet, el mundo educativo no ha parado de señalar los riesgos de la brecha digital. A comienzos de la década de los noventa se publicaron en los EEUU varios informes que dieron origen al concepto. Hace apenas tres años, Susana Vázquez y yo realizamos una serie de entrevistas a profesores sobre la incorporación del y al entorno digital y todavía llamaba la atención la insistencia, particularmente desde la escuela público, en que resultaba impensable porque una parte importante de alumnos y familias no tenían equipamiento ni conectividad.
La fuente que venía a verificar la existencia de tal brecha, más allá del anecdotario, eran las encuestas de acceso a los ordenadores y a la red. A comienzos del siglo, no obstante, comenzaron ya a indicar que los alumnos de familias de menos recursos económicos, culturales, etc. pasaban más tiempo ante el ordenador y en la red que sus compañeros de clase media y alta, culta y escolarizada, etc. Tras la primera sorpresa, pronto se supo la explicación: las familias más acomodadas y educadas tienen una oferta más amplia de actividad y de ocio para sus hijos y son más capaces de entender, controlar y orientar lo que hacen estos ante las pantallas. Se comenzó a hablar entonces de la brecha de segundo orden, en el uso, entre un uso más variado, selectivo y formativo y otro más indiferenciado, consuntivo, pasivo.
Mientras tanto, el ordenador y la red ya entraban en la escuela. Primero de manera muy limitada, implacablemente sometidos a las rutinas seculares: aulas de informática, ejercicios repetitivos, pizarras digitales, presentaciones (ppt) y fotocopias virtuales (pdf), lo más común, pero también, de manera minoritaria, en forma de repositorios de recursos, aplicaciones interactivas, plataformas multifunción, colaboración en la nube, etc. Era, y es, lo que podríamos llamar la brecha escolar, o de tercer orden: entre la escuela y la sociedad (los alumnos habitan un mundo digital y colaborativo fuera del aula pero son devueltos al de la pizarra y el papel, o a una caricatura digital del mismo, cuando entran en ella) y entre las escuelas mismas (unas, las menos, se sitúan en vanguardia en la integración entre el sistema escolar y el ecosistema digital, mientras que otras, las más, se resisten cuanto pueden o aceptan sólo aquello que pueden encajar en las rutinas de siempre).
Y en eso llegó la pandemia… y los alumnos fueron des[enj]aulados y, en distinta medida, desescolarizados. ¿Cómo se manifiestan y nos afectan ahora esas tres brechas?
La brecha primera, en el acceso, fue sobreestimada en el principio por todos y hasta hoy por la mayoría del profesorado. Es cierto que hay una minoría social sin o con apenas acceso, pero es cuantitativamente residual. Las cifras que se acostumbra a manejar sobre hogares sin acceso (sin ordenador, sin internet) suelen ser indiscriminadas, pero a efectos escolares sólo interesan las de hogares con alumnos. Según el INE, entre las parejas que conviven con hijos (de cualquier edad) el 93% tenía ordenador en 2019; de los niños de 10 a 15 años, el 90% han usado en su hogar el ordenador durante los últimos tres meses, el 93% la internet, y el 66% dispone de móvil. Por supuesto que esto no implica igualdad, pues habrá distinta cantidad de dispositivos por persona y desigual calidad de estos y de las conexiones por hogares, pero lo importante es que los have-nots, los sin acceso, son una cantidad menor que bien podría, en las circunstancias actuales, ser atendida con los dispositivos de que disponen los centros (incluidos los de mesa: ¿para qué los queremos inactivos durante meses?) y con bonos de conexión a la red. El mito de la brecha insuperable se ha mantenido por inercia y porque exagerar las carencias servía a algunos docentes para justificar su inacción y a algunos alumnos para eludir tareas y exigencias.
La brecha segunda, en el uso, es más seria, pues cuanto más potente y flexible sea un medio mayores serán las oportunidades, pero también los riesgos de desigualdad sin las políticas públicas y prácticas profesionales adecuadas. Si la enseñanza se limitase aprender y recitar un catecismo, el riesgo de desigualdad sería mínimo; cuando se amplía al conjunto del currículum actual, a pesar de (y por) su academicismo y su fijeza, y a la amplia variedad de las experiencias escolares, a pesar de su componente clónico y rutinario, las posibilidades se multiplican, como bien sabemos; si pasamos ya a la enorme diversidad de contenidos, medios y usos del entorno digital, el riesgo, definitivamente, se dispara de manera exponencial. Esto no significa que haya que evitar el mundo digital, lo que no pocos todavía proponen, como tampoco que haya que cortar cualquier cabeza que sobresalga, sino justamente lo contrario, que hay que redoblar y afinar desde las instituciones públicas el esfuerzo por mitigar y compensar el efecto desigualitario que pueden tener las diferencias en la esfera privada. La educación en casa a la que nos ha empujado el CV-19, efectivamente, va a propiciar desigualdades en el aprendizaje y el desarrollo del alumnado, sea porque algunos lo harán peor que en las aulas, porque otros lo harán mejor o por ambas causas.
La brecha tercera, en fin, es la que mejor podríamos haber evitado, en su doble dimensión, pero no lo hemos hecho. Ni entre la escuela y la sociedad, ni entre escuelas. Hay que lamentar, entre paréntesis, que no dispongamos de información básica general, agregada, sobre qué se está haciendo en la situación actual. Sabemos, sí, que los alumnos están en casa y que el MEFP y otras autoridades han ampliado repositorios, emisiones audiovisuales, etc. Tenemos un anecdotario, por la prensa y por las redes, de magníficas iniciativas y de penosos sucedáneos o de simple inacción. Pero poco o nada más, ninguna imagen de conjunto. ¿Dónde está la Inspección (las Inspecciones)? ¿Por qué ni siquiera se hace una encuesta censal a los directores de centros para saber qué se está haciendo, cuando la tecnología disponible lo permite? Nos consta que hay alumnos que no reciben otras indicaciones que realizar tales o cuales ejercicios de tal o cual página del libro (lo que un dirigente sindical denominaba, hace unos días, actividades analógicas, quizá como contribución a la próxima antología del disparate), o familias a las que se recomienda que canten y bailen con los niños, mientras que otros centros y profesores profundizan en el uso del instrumental digital, fomentan la interconexión, promueven el aprendizaje colaborativo, cooperan entre colegas y acompañan virtualmente a sus alumnos, o simplemente se forman de manera acelerada en lo que ayer les parecía prescindible. Las grandes diferencias de hoy no son sino la explosión de las diferencias de ayer entre profesores y entre centros con y sin experiencia digital, con y sin una actitud innovadora, con o sin plataformas ya en marcha y probadas. En definitiva, una brecha anunciada, la que más en nuestras manos estaba corregir y la que menos hemos sabido prevenir.
Mariano Enguita. Artigo publicado no Cuaderno de campo em 31 de março de 2020
Novo artigo em ROARS
L’esperienza umana dell’insegnamento e gli illusori voli degli ippogrifi telematici
OP.Edu participa na coordenação de estudo internacional sobre integridade académica
Se é Coordenador de um Programa de Doutoramento participe.
Se é docente ou estudante de um programa de doutoramento participe.
(As respostas podem ser dadas, em ambos os casos, em língua portuguesa).
“Se piden credenciales científicas a la innovación, pero no hay nada que fundamente el actual modelo dominante”. Novo número de Cuaderno de Campo com entrevista com Paloma Díaz Sotero que pode ler na íntegra aqui
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“Scientific credentials are asked for innovation, but there is nothing that supports the current dominant model". New number of Cuaderno de Campo with an interview with Paloma Díaz Sotero that can be read here
À procura das últimas notícias, atualizações e publicações sobre educação? Consulte o sítio do IBE - International Bureau of Education | Looking for the latest news, updates and publications in education? Visit the website of IBE - International Bureau of Education
Novo artigo de Rogério Manita a propósito do relatório da OCDE Balancing School Choice and Equity | New article by Rogério Manita on the OECD Balancing School Choice and Equity report
Colégios só com ‘gente rica’
O Relatório da OCDE Balancing School Choice and Equity vem procurar demonstrar que Portugal é um dos países onde o ensino privado é mais elitista. Não se estranha, uma vez que Portugal está entre os dez países da OCDE onde os salários são mais baixos, como mostra o relatório ‘Perspetivas de Emprego 2016’, enquanto no de 2018 se afirma que o crescimento salarial permanece mais baixo do que antes da crise financeira e que a pobreza tem crescido na população em idade ativa. A própria OCDE num estudo sobre a classe média reconhece que, no conjunto dos países que a integram, tem ocorrido a sua progressiva diminuição e que a degradação da sua qualidade de vida tem favorecido os mais ricos que cada vez mais acumulam nas suas mãos maior percentagem da riqueza produzida.
Sabe-se que a liberdade de escolha em Educação é uma opção política e, pelo que se vai percebendo por insuspeitos autores[1], parece não ser a opção mais acertada para o nosso país, que investiu na Educação pública procurando nele possibilitar a Escola para todos. De facto, é-se de opinião de que o financiamento só deve ser atribuído a colégios situados em zonas onde não exista oferta pública para que não ocorra o que aconteceu nos tempos de crise em algumas regiões, com Escolas públicas sublotadas e colégios privados cheios, pela ineficiência que gera em todo o sistema. Depois, sublinhar a ilação mal retirada segundo a qual os diretores ‘admitiam usar a performance académica como critério de admissão’ dos alunos nas escolas. Requer-se que a análise dos relatórios se faça com sentido crítico e se estranhe, por exemplo, que um item tenha de um relatório para outro diferença na ordem dos 30%.
Sabe-se que nestes relatórios internacionais ocorrem algumas vezes erros por tradução incorreta, como o descrito, outros dão-se por ausência de perceção de realidades regionais e outros mesmo acontecem por falhas na transmissão de dados, algumas vezes propositadas respeitando determinados ‘pedidos’.
Tal fez lembrar o que recentemente ocorreu quando, de um relatório para outro, os professores portugueses passaram a ser ‘quase os mais bem pagos’ de toda a OCDE. A comparação mostrava que estarão em linha com a média, mas as notícias enfatizavam a comparação dos seus ordenados com os dos outros licenciados portugueses. Rogério Manita. Biólogo, Mestre em OT e Planeamento Ambiental, PhD em Educação, Professor do EBS.
[1] Ravitch, D. (2011). Vida e morte do grande sistema escolar americano. Como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a Educação. Porto Alegre: Editora Sulina.
Novo artigo de Rogério Manita sobre A vida (?) nas Escolas, que pode ler aqui | New article about The life (?) in schools by Rogério Manita that can be read here
Novo artigo de Ana Benavente sobre pesquisa, intervenção e debate em educação, que pode ler aqui | New article by Ana Benavente on research, intervention and debate in education, that can be read here
Congresso Internacional Direitos Humanos e Cidadania Global | International Congress Humanism, Human Rights and Global Citizenship
O I Congresso Internacional 2019 | Humanismo, Direitos Humanos e Cidadania Global tem por objetivo promover a discussão e a reflexão sobre a problemática da (re)construção de uma cidadania plena no contexto dos problemas da sociedade actual. A discussão e reflexão sobre esta problemática, através de estudos e trabalhos de investigação produzidos, é uma oportunidade para produzir, disseminar e transferir conhecimento científico face aos novos desafios e ameaças que enfrentamos. O Congresso tem como público-alvo académicos, investigadores, educadores, professores e estudantes, gestores e diretores de escolas, abrangendo todos os níveis do sistema educacional formal, bem como contextos informais de ensino e aprendizagem. Como tal, é um espaço aberto de participação a todos os interessados em contribuir com as suas reflexões, estudos e propostas que podem ajudar a repensar um mundo marcado por incertezas.
A submissão de resumos decorre até ao próximo dia 20 de abril de 2019. Mais informações podem ser consultadas aqui.Todas as questões e/ou dúvidas sobre o congresso deverão ser enviadas para Helena Pereira f5604@ulusofona.pt
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The purpose of the I International Congress 2019 | Humanism, Human Rights and Global Citizenship is to promote discussion and reflection on the (re) construction of full citizenship in the context of the problems of today’s society. The discussion and reflection on this subject, through studies and research works, is an opportunity to produce, disseminate and transfer scientific knowledge that may help to face new challenges and threats. The conference is aimed at academics, researchers, educators, teachers and students, managers and school principals, covering all levels of the formal education system, as well as informal contexts of teaching and learning. As such, it is an open space of participation for all those interested in contributing their reflections, studies and proposals that can help to rethink a world marked by uncertainties.
The call for papers is running until April 20, 2019. More information can be found here. All questions about the Congress should be sent to Helena Pereira f5604@ulusofona.pt
Os poderes locais e a educação. Das margens do sistema para o centro das políticas | Local powers and education. From the margins of the system to the center of the policies
(...) concluindo, o que está hoje em debate na sociedade portuguesa são os meios e o modo de reconduzir a descentralização aos seus princípios constitucionais, de corrigir a perversa divisão de tarefas educativas e formativas que se foi cristalizando no processo de equilíbrio entre centralização e desresponsabilização, de esclarecer a quem compete o quê e de (re)ganhar a qualidade, a coesão e a confiança social da escola pública.
A educação pública deve continuar a ser o principal instrumento do desenvolvimento civilizacional. Assim, combater a dualização educativa, realinhar a descentralização pelos objectivos constitucionais, reverter os mega-agrupamentos para a escala humana, apoiar as escolas nos seus projectos e planos e redignificar o papel que os municípios e as suas associações pretendem para si próprios, constituem os desafios actuais que, se conseguidos, melhor defendem as conquistas educativas da democracia. Jorge Martins /files/2017-12/os-poderes-locias-e-a-educa-o-jorge-martins.pdf
Cidadania, renovados desafios | Citizenship, renewed challenges
Desigualdades educativas en la sociedad digital | Educational inequalities in the digital society
La digitalización fue recibida en el mundo educativo con alarma por el riesgo de que trajera nuevas desigualdades, la temida brecha digital. La evolución en el país pionero, Estados Unidos, trazable por medio de los Pew Internet Reports entre otros, indica que, aun persistiendo desigualdades, la brecha en el acceso se ha cerrado, pues por encima de barreras de clase, género, etnia, hábitat o ingresos se ha alcanzado un nivel de saturación, si bien hay desigualdades en la calidad de ese acceso. Lo mismo en España, donde doce años de datos del INE sobre la difusión de las tecnologías de la información y la comunicación, en particular sobre el acceso a ordenadores y a la red -tanto de hogares como de individuos, en especial aquellos entre 10 y 15 años- y sobre la posesión de móviles, indican asimismo el rápido cierre de la brecha en el acceso, aunque persisten desigualdades ubicuas y pequeñas bolsas de exclusión. No sucede lo mismo con los usos, donde se manifiestan con más fuerza las divisorias sociales habituales (clase, género, etnia, ocupación, situación laboral, nivel de renta…), aunque de distinta manera y con distinta fuerza, y donde lo hace sobre todo la desigualdad asociada a la edad (decreciente esta) y al nivel de estudios (estable o creciente). Esta brecha de segundo orden se muestra más persistente, no es contrarrestada por la acción de la escuela y puede verse reforzada por ella al asociarse a las desigualdades entre centros y entre las redes privada y pública. Mariano Fernández Enguita /files/2017-12/desiguldades-sociais-e-a-sociedade-digital-enguita.pdf
Educação 2016: Transição e expectativas | Education 2016: Transition and expectations
Relatório do Observatório das Políticas de Educação, Formação e Ciência | Report of the Observatory for Education, Policies, Training and Science
(OP.EDU) | 2016 PDF
A morte das baleias | The death of the whales
Há um fenómeno, bastante regular e frequente e cujas causas científicas rigorosas são desconhecidas, que se traduz por mortes colectivas de baleias que dão à costa e aí desistem da vida.
Quanto tempo faltará para que, sem esperança, tendo que deixar as casas que alugamos, perdendo o direito ao trabalho, tendo que cortar no que dá gosto à vida e no essencial, nos sintamos como as baleias?
Ana Benavente https://www.publico.pt/2013/09/18/jornal/a-morte-das-baleias-27109252
Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente | Portuguese Association for Lifelong Culture and Education
Nos dias 29 e 30 de abril decorreu o Encontro Nacional da APCEP - Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente no Pavilhão do Conhecimento, com o tema Educação Permanente em Tempo de Mudança: saber para transformar. Este encontro contou com a presença da Professora Doutora Ana Benavente que participou no painel Educação Permanente, Conceções e Políticas. A Investigadora realçou a importância da criação de parcerias com o Ministério e que "as boas práticas se deem a conhecer". Falou sobre as desiguladades escolares, a exclusão social, a educação para todas as idades e a garantia para a aprendizagem.
A fraude académica cometida por alunos: Projeto desenvolvido no âmbito do Op.Edu | Academic fraud committed by students: Project developed within the scope of Op.Edu
Fraude e plágio na universidade. A urgência de uma cultura de integridade no Ensino Superior Coordenação: Filipe Almeida, Ana Seixas, Paulo Gama, Paulo Peixoto e Denise Esteves |
A fraude académica no Ensino Superior em Portugal. Um estudo sobre a ética dos portugueses Filipe Almeida, Ana Seixas, Paulo Gama, Paulo Peixoto |
Veja algumas notícias sobre estas obras: Estudo sobre fraude académica em livro Cábulas no Ensino Superior Livros sobre fraude académica Maioria dos alunos do superior já usou cábulas Professores universitários não estão predispostos a denunciar fraude académica Maioria dos alunos universitários acha normal (e até aceitável) copiar Docentes calam denúncias Alunos ricos são quem mais copia Docentes estão pouco empenhados na denúncia de fraude académica Docentes preferem não denunciar fraudes Alunos ricos são os que copiam mais